Esfolar o rabo

Últimos dias. E nunca me custou tanto. Tem sido um tormento ir para aquele purgatório. Parece que me tem calhado os clientes mais dificeis, e os colegas tem-me feito a vida negra. Ou então sou eu que já não vejo aquilo com bons olhos e tudo me parece custoso. Espero ansiosamente o último dia para bater com a porta e nunca mais na vida me meter numa coisa daquelas. Mas que sei eu? Nunca digas desta água não beberei, pois posso muito bem ir lá voltar a bater com os costados, ou a coisa semelhante. Não posso é ficar desempregada, isso não. Tenho-me lembrado muito do que a minha mãe diz quando mata a criação, especialmente os coelhos. Que o que custa mais é esfolar o rabo. Depois de se lhes retirar a pelagem, quando se chega à parte final, já se está cansado e farto da tarefa e ainda resta aquele coto para esfolar. A mim, falta-me este rabo. Não há meio de lá chegar e arrancar-lhe o pêlo de vez. Que saturação!
 
 

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