Curto e fino

Mês pequenino. Tal como o recibo de vencimento que vou tentando esticar, poupar. Fico sempre receosa que num qualquer dia apareça uma despesa de surpresa e eu não esteja preparada para a enfrentar. E depois tenha que pedir ajuda aos meus pais. Ou até mesmo a minha senhoria se aperceba da minha aflição e me socorra. É um tormento que me tira o sono. O dinheiro escapa-se sem controle por mais controle que eu lhe faça. Não me dou a devaneios, cortei com saídas ao fim-de-semana, faço as refeições pelo mais económico possível, adquiri um passe mais barato e um pedaço do trajecto caminho, chegando esfalfada ao escritório. Mas nem mesmo assim. Ganho o mesmo, só a vida enriqueceu. O meu recibo de ordenado é tão fino quanto a folha de papel que imprimo para lhe ver a magra quantia espremida entre os dias de calendário. Nem que todos os meses fossem Fevereiro e eu caminhasse por atalhos, não chego lá.