Tudo passa

Tudo passa. Umas vezes mais devagar, outras mais rápido, umas vezes com mais custo e de outras parece que nem nunca aconteceu. Mas este ano vir embora logo a seguir ao Natal, despedir-me dos meus pais, da minha casa, do meu quarto e até do galo a esganiçar-se todo foi uma dor que me permanece cá por dentro e que até hoje me faz chorar todas a manhãs logo que acordo. É por isso que tem sido uma correria e não tenho escrito, ando sem tempo para nada, a minha vida está desorganizada e eu não tenho ânimo para a compor como era. Tudo me parece estar a caír aos bocados e na verdade não me ralo, não quero saber. A minha senhoria diz-me que isto passa, que tudo passa, que é só uma fase que acontece logo a seguir a se ter estado com a família, e que eu a devo considerar como uma segunda mãe. Ela tem-me ajudado tanto. Mas não é a minha mãe. Nem mesmo a segunda ou a última que fosse. É que se calhar nem tudo passa.