Justiças

De vez em quando encontro-me com o pessoal que trabalhou na publicidade. Estamos todos em diferentes actividades profissionais. Vamos tomar um copo, pomos a conversa em dia, rimos dos disparates antigos, contamos as parvoíces que fazemos actualmente e falamos dos nossos ódiozinhos de estimação. É uma maneira de purificar a semana e a alma. Não faz bem nem faz mal mas alivia. Foi num desses encontros que uma amiga falou de uma colega de trabalho e das dificeis relações entre elas. Do tormento que era todos os dias ir trabalhar e das intrigas que se fazíam, pondo em risco o seu emprego. Todos lamentamos. Eu falei de situações semelhantes lá pelo meu lado, mas nada que atingisse tais dimensões. A outra estava mesmo desesperada, de tal forma que desatou num pranto e confessou que pensava em despedir-se, largar tudo por já não conseguir aguentar mais a vivência com a megera que diariamente lhe sabotava o serviço. Foi então que um dos rapazes disse que se ela quisesse, ele podía tratar do assunto. Só precisava de saber quem era a outra. Ficamos todos silenciosos. Ele arranjava alguém que lhe trataría da saúde, que ela nunca mais havería de ter vontade de se meter com a nossa amiga. Esta abanava a cabeça, dizia que não, isso não, nem pensar, mas depois já não se negava tanto e já não se agitava tanto, só lhe caiam as lágrimas pela cara abaixo. Eu engoli em seco, bebi o resto da minha cerveja e resolvi por a venda da justiça e ficar ceguinha ao desfecho do assunto, vindo-me embora.
 
 

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