Não desejes muito que pode acontecer

Acabaram-se as dúvidas existenciais: no fim do mês vou engrossar o número dos desempregados. Tanto pensei no assunto, tanto no íntimo desejei que acontecesse que me fizeram a vontade. Tudo dentro da lei. Fui chamada para comunicarem que já não precisavam mais dos meus serviços, que agradecíam muito, e toma lá o envelope com a notificação e põe-te a milhas. Verdade, verdadinha, sinto-me leve, uma tonelada saíu de cima dos meus ombros, foi um tempo horrível a fazer uma coisa que detestei entre pessoas com quem nunca criei nenhuma empatia. Agora acabou. E o ordenado também. E isso assusta-me. Voltar tudo ao principio, procurar, ir a entrevistas, levar com a porta na cara, a fila para o subsidio de desemprego, falar com outros que estão ainda em pior situação que a minha, chegar a casa deprimida, uma casa que não é a minha. Mas quando o fim do mês chegar vou à minha terra, dormir no meu quarto, matar saudades dos meus pais e dos meus amigos. Tanto que ansiei por fazê-lo e agora estou à beira de o concretizar. Há que ver o lado bom das coisas. E são 2em1!!!

 

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