Decisões

Sempre fiz o que me mandaram. Até mesmo contrariada. Cumpría e sem má cara e sem argumentar, fechada num mundo só meu sem me perguntar se era justo ou não, só sabía que era para fazer e quanto mais rápido acabasse com aquilo mais depressa terminava a pena. Quando fui recusada naquela célebre entrevista qualquer coisa mudou dentro de mim. Parece que um botão foi ligado e eu mesma não consigo explicar o porquê e porquê naquele dia, só sei que me fartei e não consigo mais ouvir e calar quando não gosto ou não quero, sem dizer o que penso. Por isso, decidi que não vou mesmo aceitar esta oferta de emprego para o contact center. Não vou violentar-me. Tenho falta de dinheiro e o mercado de trabalho está péssimo, mas não sou aleijada nem estúpida e as minhas qualificações de certeza, darão para outras coisas. Como diz a minha senhoria, nem que seja para lavar escadas. Não gostava de chegar aí. Mas confesso que prefiro andar de joelhos a fazê-lo do que ir para um sitio que me põe de rastos.

 

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