Cunhas

A minha senhoria esticou a mão e deu-me um papelinho com um nº de telemóvel. Disse que era de um Dr. qualquer coisa que eu não percebi o nome, marido de uma amiga de uma amiga sua de longa data. Uma confusão. Não entendi e na verdade não estava muito ligada à conversa, só olhava para o papelinho e não percebía que tinha eu a ver com aquela história toda. Era para ligar e combinar uma entrevista. Fiquei atordoada. Tão atordoada que nem falava. A minha senhoria tinha os seus contactos. Tinha falado da sua sobrinha. Eu. E estando eu necessitada de trabalhar e o Dr. qualquer coisa precisado de uma secretária competente, estavam reunidas as condições ideais para um emprego garantido. Foi quando eu me assustei e falei que não era secretária, nem experiência disso tinha, que podía deixar a minha senhoria envergonhada. Mas ela sorriu e disse que confiava na minha inteligência e na minha esperteza. Eu agradeci, um pouco envergonhada por causa do pedido, se não fosse a cunha continuaría à espera de melhores dias ou seja, de nada. Ela zangou-se. Cunha, que palavrão! Dar uma ajuda ao destino.
 
 

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