O escritório

Cheguei nervosa, a suar e a tremer de frio, com dores de barriga e a boca seca. Tive mais medo de envergonhar a minha senhoria do que propriamente por mim. Mal eu sabía ao que ía. O sitio é luxuoso ou não fosse um gabinete de advocacia no centro da cidade. Ou seja, mais um sitio que nada tem que ver com a minha licenciatura. Deixaram-se à espera mais de meia-hora, o que me deixou ainda mais ansiosa e me trouxe lembranças daquela entrevista que acabou muito mal. Depois fui encaminhada por uma secretária que parecía estar espartilhada dentro de um fatinho preto, muito direita, para a sala do senhor Dr. qualquer coisa. Foi afável, sorridente, tratou-me pelo nome, terminava as frases sempre com o meu nome, 5 minutos de conversa, seja bemvinda a bordo, o meu nome e estou despachada, e lá voltei para a secretária do fatinho preto. Foi ela que acertou tudo comigo: Horários, ordenado e as minhas funções. Servir cafés, tirar fotocópias, arquivo, fazer recados, o mais se vería. Nada de calçado desportivo nem calças de ganga, nada de piercings nem tatuagens à vista, saias e vestidos até ao joelho e nada mais curto que isso, costas à mostra nem pensar,  há um dresscode a cumprir. Começar na próxima semana. Não sei o que diga, não sei o que sinta.
 
 

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