Nenhures

Estava-se bem no meu quarto mas já não se estava tão bem-bem na minha terra. Verdade, verdade, é que me senti um pouco desajustada. E até sinto um pouco de vergonha ao confessar que muito da conversa que tive com antigas amizades me passou um bocadinho ao largo, simplesmente porque aquela já não é a minha vida. Eu não estou nada interessada nos rapazes da aldeia ao lado e dos namoros dos outros e quem esteve presente na missa de Domingo. Ah pois é! Que tive de ir à missa de Domingo ou a minha mãe ía ser falada para o resto do mês. Que seja e lá fui a fingir que me encaixava. A seguir ao almoço apanhei o combóio e regressei. Carregada que nem uma mula de transporte. Que os meus pais acham que eu passo fome, e então mandaram-me a despensa para seis meses, mais uma bôla de carnes e um presuntinho para a senhoria, para ela me tratar bem, palavras deles. E pronto, agora que já cá estou de novo, já tenho saudades outra vez. Na minha terra, quando se pergunta a alguém onde vai e esse alguém não quer responder, diz Nenhures. Mas para mim, hoje e agora, Nenhures, é estar aqui e lá ao mesmo tempo, que era mesmo o que eu gostava. E talvez não o dissesse se mo perguntassem...

 

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