Uma pedra no sapato

Felizmente que o mês de Agosto acabou, toda a gente regressou ao escritório e já há o que fazer. Detesto estar a olhar para o ar e fazer de conta que estou ocupada, como o tempo demora a passar, já para não falar que não tenho jeitinho nenhum para disfarçar que o trabalho escasseia. Mais ainda que para mim, é um risco tremendo... Olha se acham que eu sou dispensável?! O J regressou animadíssimo e cheio de aventuras, muito bronzeado. E muito desligado. Se não fosse eu a telefonar, acho que ainda estava à espera para saber de tantas peripécias que me contou. Especialmente, envolvendo uma certa rapariga a quem se refere com especial relevo e especial entoação na voz. Perguntei quem era, mas para surpresa minha desviou o rumo da conversa não dando seguimento ao assunto, o que me deixou desconfiada. Porque razão não me há-de querer falar dos seus novos amigos, da sua nova amiga? Que estranho. Uma sensação incómoda deixou-me de pé atrás e depois daquele episódio, decidi que não ía ligar mais. Se quiser, ele que me procure. Não são ciúmes porque o que me liga a ele é verdadeira amizade, mas tenho uma séria dificuldade em confiar seja em quem for, e se ele foi o meu eleito, não consigo aceitar que eu não o seja para ele. O problema é meu, então eu afasto-me.
 

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