O contrato

O meu contrato de trabalho, assim como o da maioria do pessoal que trabalha comigo é a termo certo. Sabemos que temos duas saídas: Ou é renovado por mais um período ou vamos para o olho da rua. Por esta altura, está a entrar uma revoada de carne fresca o que equivale a dizer que outros tantos vão embora. Não tenho ilusões, quando chegar a altura de caducar o meu contrato, uma das duas hipóteses me há-de calhar. Já vou na segunda renovação e o máximo que o pessoal aqui chegou foi à terceira, depois disso ou passam a efectivo ou é mesmo o limite. Ter a vida a prazo é tramado. Não temos como planear seja o que for, ter expectativa para alcançar ou programar fazer, porque todo o amanhã está condicionado a um passado recente que nem sequer depende muito de nós. De mim, por exemplo. Tenho feito tudo dentro das regras e isso não tem impedido ser chamada a atenção pelos supervisores, por isso vá lá saber-se o que devo fazer. Mas a verdade, cá no meu íntimo, é que desejo que este maldito contrato que assinei com o diabo, seja rasgado e eu seja mandada embora. Por mim, não tenho coragem para o fazer porque preciso do dinheiro e não posso continuar a pedir ajuda aos meus pais. Mas por outro, sentir-me-ei livre e leve, se essa decisão caír sobre mim sem vir de mim.

 

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