É proibido rir

Não sei se aguento muito mais este meu novo emprego, mas suponho que terei de fazer das tripas o meu coração e engolir tudo, esticar a mão ao cheque no fim do mês e por o orgulho no bolso, trazer o dinheirinho para casa e pagar as minhas contas.
A verdade é que todos dias aparecem proibições, restrições, olhares reprovadores e eu já não sei como hei-de entrar naquele escritório.
Um destes dias e na pausa de 10m a que a rataria tem direito, estava eu e o rapaz dos expedientes a tomar café. Ele contava que a senhora do fatinho preto já se tinha baldado dos saltos e a queda tinha sido aparatosa. Eu ria, ele ria, tudo na maior surdina para que ninguém ouvisse.
Sinceramente que não sei de onde a mulher apareceu. O rapaz, assim que a viu, nem acabou de tomar o café, atirou com o copo para o lixo e simplesmente evaporou-se!
Fiquei eu, especada, sem saber o que dizer e só a pensar se ela tería ouvido a conversa.
Olhou para o relógio e disse que a pausa já tinha terminado e que ali era lugar de trabalho não de circo. Olhou-me fixamente nos olhos, mas tão fixamente que pensei que mos ía furar.

 

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