Baldes de água fria

A 1ª pessoa para quem dei a noticia depois de ter assinado o meu contrato de um ano (UM ANO!), foi para o J. A seguir liguei para os meus pais. Ficaram felizes. Mas acho que eu estava à espera que eles saltassem de alegria e fizessem uma festa, o que não aconteceu. Deram-me os parabéns, disseram muito bem e para eu ter juízo. Como se eu ainda fosse a garota de cinco anos que aprontavam ao Domingo para ir à missa da manhã. Sinceramente, fiquei desolada, como se um balde água fria tivesse sido despejado pela cabeça abaixo depois de me ter arranjado para saír. Porque será que não entendem que deveriam ter sido efusivos e partilhado da minha alegria, com muitos gritos e palmas, e pedirem-me para eu contar ao pormenor como tudo tido acontecido? Será que não percebem que isto é demasiado importante para mim??? O J ouviu-me e depois apenas disse que se eles tivessem reagido dessa forma, muito provavelmente eu não tería reconhecido os meus pais. É verdade. Eles nunca foram dados a manifestações ruidosas ou exibições de felicidade que os fizessem tirar os pés do chão. São pessoas simples que tiveram sempre uma vida dura num ambiente rural onde o silêncio obriga a calar as grandes emoções. Talvez eu já lhes tenha atirado grandes baldes de água fria. Quando ficava sem emprego. Quando pedia ajuda, dinheiro. Quando retornava a casa e me achavam magra e a passar fome, o que nunca aconteceu, mas eles achavam. Tal como eu agora achei pouco, mas é a dimensão da sua felicidade.
 

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